Em certa noite de dezembro, na beira do Mar Tiberíades, encontraram-se Jesus e Lúcifer, que lhe disse: - Ora, como é fácil ter amar! Tu, além de ser todo bondade, prometes o Paraíso como recompensa. PROMETE O INFERNO! Então, sim, verás de fato quem te ama!
Jesus, sentado na areia, contemplando o mar e as estrelas, parecia ouvir apenas o soar das ondas e a noite. Depois de um longo silencio, respondeu: - Tua fala sempre aparenta sabedoria... mas ignoras muitas coisas... coisas que talvez jamais entenderás... Achas que não sei que não me amam? Eu é quem os amo! E não há quem ame e não queira ser amado. Eu nada prometo a eles senão meu amor. Nada!... Não é preciso que eu lhes prometa o inferno – Eles é que me prometem o inferno! O que nos homens não promete inferno? Não é nele que moram e vivem? Nunca entenderá esse caso! Eu nada lhes prometo senão amor dentro do inferno que eles me prometem. Não existe outro paraíso senão esse.
Lúcifer nada mais disse. E ficaram os dois sentados a olhar a noite estrelada. Mas enquanto Jesus tácita e alegremente sentia cada estrela, cada grão de areia, cada gesto do mar e a vida fervilhante que nele habita, Lúcifer, em silêncio, se atormentava procurando algo a dizer.
Al Duarte
dezembro de 2011
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