Para que se possa
adorar ou servir a Deus pelo que “ele é” será preciso antes
elaborar uma orgulhosa capacidade de “saber o que ele é”, de
conhecer mentalmente o “ser de Deus”. Bem, talvez isso seja
possível com qualquer divindade (talvez o deus de Louis Berkhof?),
mas não o IHWH das Escrituras, não o Pai de Jesus. Ora, mas esse
clichezinho exprime muito mais do que arrogância epistemológica;
ele é o sintoma seríssimo da degeneração do conhecimento de IHWH
e do evangelho de Jesus, e de sua adaptação à organização do
mundo promovida pela instituição Igreja. Pois o que aprendemos da
Escritura, desde o princípio é que Deus é “Deus que se esconde”,
e que exprime sua glória em suas Obras & Caminhos; é
nos feitos de Deus, em suas promessas e cumprimentos de promessas que
Deus mostra seu nome, que proclama seu louvor – que proclama sua
Justiça e Amor e Bondade. Desde o princípio, quando Deus começa
sua criação, retirando-a do abismo caótico por sua palavra, já
proclama que é Deus salvador, que retira os homens do poder da morte
e do nada. Todos os caminhos de IHWH expressos nas memórias dos
antigos (Escrituras), mostram um Deus que salva os homens dos poderes
mortíferos da injustiça, da mão dos poderosos deste mundo, do
poder da morte expresso na violência das aristocracias religiosas e
estatais. Deus mostra sua justiça salvando os miseráveis e
crucificados da morte, caminhando com eles, consolando-os e
despertando esperanças de vida. Em Jesus, Deus se solidariza e
comunga com todos os crucificados, e ressuscita no terceiro dia
Aquele que é a Ressurreição que virá sobre todas as coisas.
O Evangelho da adoração
do que “Deus é”, é um "evangelho" aburguesado, intelectualizado,
mutilado para caber na quietude conformada com a ordem injusta do
mundo, sem sede nem fome de Justiça. Evangelho das instituições
religiosas em amizade com o Estado, que paralisa Deus, que o condena
à apatia, ao céu, ao “É” imóvel e alienígena. Pois Deus vive
se mostrando em feitos de justiça, apaixonado que é pela redenção
do homem dos poderes do nada e da morte, como mostra o evangelho. Se
cremos com o coração que Deus ressuscitou a Jesus dos mortos,
cremos que Deus é Justo e Justificador, e em sua justiça ele
ressuscitará os crucificados, em sua Justiça continua a fazer
justiça na Terra, libertando os homens do poder do nada, e sendo a
esperança da ressurreição plena de todos crucificados em Cristo
Um discípulo de Jesus
adora e serve a Deus pelos prodígios de amor e bondade e justiça
que ele faz na Terra; que Ele fez em Jesus, pois ele nos amou
primeiro, ele que nos resgatou das trevas, ele fez maravilhas por nós
– como os salmos poetizam – para que possamos amá-lo e
conhecê-lo.
Fora de seus feitos e do espírito das memórias de seus feitos, Deus é sempre oculto (sem imagem adequada para nossa mente) até o Dia em que todas as coisas mostrarão e
cantarão a glória de Deus e todo olho o verá.
Al
27 de outubro
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